Na última semana, o Banco Central divulgou as diretrizes gerais para a criação de uma moeda digital brasileira. Em nota, a instituição disse que “tem promovido discussões internas e com seus pares internacionais visando seu eventual desenvolvimento”.
Uma das principais previsões é que a moeda possa ser utilizada para compras no Varejo, uma vez que a adoção da moeda digital pode reduzir custos com o uso de numerário e ainda facilitar pagamentos internacionais. Confira tudo o que sabe sobre a novidade!
Real Digital x Criptomoedas
O real digital será uma moeda emitida pelo Banco Central, ou seja uma CBDC (Central Bank Digital Currencies). Por isso, possui diferenças marcantes em relação a outras criptomoedas, como o Bitcoin. A criação de CBDCs vem sendo amplamente discutida em diversos países, como Reino Unido, Rússia e Estados Unidos.
Uma das principais características das criptomoedas é o controle não centralizado da sua emissão, ou seja, não há uma autoridade única que acompanhe suas transações. Por isso, precisam ser registradas e validadas na chamada blockchain. No caso da moeda do Banco Central, sua emissão será naturalmente centralizada e a distribuição ao público será intermediada por instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), como os bancos.
Qual a diferença entre a moeda digital e o dinheiro eletrônico?
Hoje, a maior parte das transações que ocorrem no país já são realizadas de forma digital, do salário que cai na conta corrente até os pagamentos realizados via PIX e WhatsApp. Entretanto, a principal diferença entre o real digital e essas outras modalidades será o fato dela ser emitida pelo Banco Central. Isso quer dizer que, enquanto o dinheiro que mantemos nos bancos e utilizamos para transações online são de risco das instituições financeiras, a moeda digital será de risco do próprio BC.
Além disso, a moeda digital terá limitações em relação ao seu uso por instituições financeiras e seguirá um modelo similar às contas de pagamento oferecidas por Fintechs.
A moeda digital valerá o mesmo que o real?
A princípio, o real digital deverá interoperar no sistema financeiro. Ou seja, as pessoas podem escolher junto às instituições financeiras entre manter seus valores em moeda convencional ou digital. Entretanto, ainda não é certo dizer que haverá paridade no valor entre as duas opções.
Mas, ainda assim, os usuários poderão sacar o real digital através do formato físico.
Como a moeda digital pode influenciar o seu negócio?
Segundo as diretrizes do Banco Central, a moeda digital poderá ser utilizada em pagamentos no Varejo, com capacidade para realizar operações online e offline. Portanto, espera-se que ela fomente ainda mais a criação de novos modelos de negócio, como o uso de contratos inteligentes, IoT ou mesmo dinheiro programável. Um bom exemplo são os pagamentos em supermercados, estacionamentos e pedágios que poderão ser aperfeiçoados com a nova moeda.
Por enquanto, o Banco Central afirma que ainda é necessário aprofundar a discussão com a sociedade e o setor privado, uma vez que só a partir desse diálogo será possível uma análise mais detalhada sobre a formas de uso que justifiquem sua emissão e quais as ferramentas mais adequadas para sua implementação. Em breve, a sociedade será convidada para participar de fóruns sobre a proposta e estima-se que em dois a três anos o país possa ter sua própria moeda digital.